segunda-feira, 14 de abril de 2008

I´ll be there for you cause you there for me too.


Eu tinha 19 anos quando fui trabalhar na, então, rádio cidade. Estudante de jornalismo, aquele era meu primeiro contato com um meio de comunicação de verdade. Não fui pra lá pra fazer estágio porque o salário como estagiária era baixo e eu precisava de um pouco mais para pagar a faculdade. Por isso, aceitei, com muito alegria, trabalhar como recepecionista da emissora, onde, logo nos primeiros dias, notei que, entre tantas vozes bonitas, uma, em especial, se destacava. Era a de um tal Roliber Wanderson.... Meu melhor amigo.


Não sei precisar, exatamente, quando foi que me apaixonei por ele. Mas me lembro das conversas na recepção da rádio, dos bilhetinhos trocados em meio ao expediente, das descobertas de afinidades, letras de músicas e, principalmente, das milhares de vezes que tive que dizer "eu não estou ficando com ele!" Sim, porque, contrariando toooodas as expectativas e torcidas da época, eu e ele nunca, jamais, tivemos nada, a não ser um grande respeito um pelo outro.


Apesar de toda sintonia e amizade, quis o destino que nós nos afastássemos. Saí da rádio. Ele também. Roliber recebeu um daqueles convites irrecusáveis para trabalhar na maior empresa de comunicação do Espírito Santo. E eu o "educado" convite solicitando o meu desligamento da rádio. "Foi legal ter você conosco, mas agora não precisamos mais dos seus serviços". "Ok. Não teria mesmo a menor graça continuar aqui", pensei.


Minha relação com ele sofreu com os nossos respectivos desligamentos. Era como se alguém tivesse apertado o botão de "pause" e nos congelado no tempo. Mas, a vida seguia.


Quando eu estava no último ano da faculdade, lembro-me de termos nos encontrado e dele ter me apresentado à Josi. Lembro, inclusive, das palavras que ele usou para defini-la: "A Josi e eu, hoje, somos que nem eu e você éramos na época da rádio!" Fiquei com ciúmes. Confesso. Mas não fiz disso um dramalhão, pois, apesar do distanciamento físico, de certo modo, nós nunca chegamos a nos afastar totalmente. Vez ou outra tínhamos notícias um do outro. E sabíamos que a vida seguia.


Até que, num belo dia de setembro, eis que eu também recebo um convite para trabalhar na maior empresa de comunicação do Espírito Santo. Feliz da vida quis contar a novidade para ele e recordo bem do abraço que ele me deu quando disse que trabalharia lá também.


O trabalho, novamente, nos uniu. Passamos a nos ver com frequência e foi como se o botão de "pause" apertado lá trás tivesse sido automaticamente "desapertado". As visitas dele à redação do jornal e as minhas ao estúdio da rádio aconteciam sempre que o trabalho permitia e causavam inveja em muitas coleguinhas... Claro que voltei a ouvir piadinhas e comentários do tipo "duvido que vocês são só amigos", mas, a essa altura da vida, já não perdia meu tempo dando ouvidos a essas coisas, nem tão pouco ficava dando satisfação da minha vida a qualquer um.


O que sei é que, a partir de então, na trilha sonora que embala a minha amizade com esse cara há espaço para tudo. Das clássicas do rock nacional, apropriadas para os momentos de dor de cotovelo; a Beautiful Day, do U2, ouvida em volume máximo e, de preferência, no estádio do Morumbi, em São Paulo.


Desde que nos reencontramos, acho que não passamos 1 semana sem saber um do outro. Claro que o orkut e os nossos fotolog´s ajudam na hora de nos manter informados. Mas não é só isso. Sei que mataria umas 958297843287327432 de meninas de inveja ao dizer que não tem preço abrir meu orkut, lá de SP, durante uma viagem qualquer, e ler um recado dele, mais ou menos assim: "sei que você ama esse lugar e que quer ficar aí. mas volta logo. é muito ruim querer falar com vc e não te ter por perto".


É. É amor sim. Não tenho a menor dúvida disso. Mas, para quem conhece apenas uma forma de amor entre um homem e uma mulher, o aviso: é amor fraterno. Desses que fazem a gente ter certeza de que a vida pode seguir, os caminhos podem ser outros, mas o sentimento que nos une é eterno.


Vou me mudar em maio. Morarei em São Paulo. Quando contei para ele a notícia senti um misto de "boa sorte" com um "você tem mesmo que ir?".


É, amigo. Tenho mesmo que ir. Nem que seja para fazer todo mundo morrer de saudades de mim!!!!! Principalmente e especialmente você. Que é um homem que eu admiro, respeito, por quem torço, por quem brigo e a quem eu quero um bem enorme.


Passados 11 anos posso dizer, do fundo da minha alma, que a minha vida e a vida desse cara podem seguir sim rumos diferentes. Pode, inclusive, acontecer de apertarem o "pause" da nossa música preferida de novo que não vou me entristecer. Porque sei que quando dermos o "play" a música continua. E a gente canta o refrão juntos!


I'll be there for you
When the rain starts to pour
I'll be there for you
Like I've been there before
I'll be there for you
Cause you there for me too...
(refrão de "I'll Be There For You", trilha sonora de Friends)


Um comentário:

Unknown disse...

Putz! humilhou e botou o meu texto no bolso, hein!

Que LIIIIIIIIIIIIIINDO!

Deu friozinho na barriga e lacrimejei.

Não sei o que dizer. E acho que nem precisa muito.
Só queria ter aproveitado mais.

Tenho os bilhetinhos guardados até hoje e vão continuar assim.

A tecla PAUSE vai ser apertada, mas NADA vai emperrá-la.

Ótima sorte e que todas as expectativas sejam correspondidas!

Vá com DEUS! Estarei esperando. SEMPRE!

BEIJOS!