segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Profissão: repórter.


como prometido, cá estou eu para falar sobre minhas impressões a cerca do mercado de trabalho, para jornalistas, em são paulo.
resumindo: está saturado e paga mal!

assim como todas as demais capitais, a relação oferta e procura é inversamente proporcional. com um agravante: se nas demais capitais, como Vitória, por exemplo, a língua mãe é suficiente na hora de concorrer a uma vaga; aqui, ter no currículo três línguas é condição primordial.

logo que cheguei aqui assinei aquele site Catho. pra mim ele não funcionou. recebi anúncios de vagas sim, mandei currículos, mas não cheguei a ser chamada para nenhuma entrevista. será que é por que não falo árabe? deve ser... rs

apelei para o orkut (comunidades do tipo "jornalistas em São Paulo") e para o Comunique-se. obtive mais sucesso. quer dizer, pelo menos, por meio deles, consegui estabelecer contato com duas pessoas da área que se propuseram a ajudar. indicaram para mim uma jornalista chamada Bartira. ela é mediadora de uma lista, no yahoo, cujo objetivo é divulgar vagas de empregos para jornalistas. pedi para ser incluída na tal lista e consegui ser aceita. e, desde então, acompanho o movimento...

de cada 10 emails de vagas que eu recebo por meio da tal lista, 9 são para estagiários. a média salarial para eles oscila entre 500 a 1500 reais. na descrição da vaga para estagiário, normalmente, vêm assim: estagiário de jornalismo para trabalhar em assessoria de imprensa. vai redigir textos, atualizar site e acompanhará as rotinas de trabalho da empresa. inglês fluente e uma terceira língua será diferencial.

trocando em miúdos: o menino vai trabalhar feito gente grande e não será remunerado à altura por isso. e, enquanto isso, na sala dos desempregados, um tanto de profissionais competentes e já formados, aguardam uma oportunidade...

fiz uma entrevista para assessoria de imprensa aqui em sampa e não fui aproveitada por não falar/escrever em inglês. nesta assessoria todos os textos são escritos em português e inglês e, além de colocar o cliente na mídia nacional, elas também trabalham para inseri-los em publicações internacionais. "Putz! O salário devia ser em dolar!", podem apostar alguns colegas.... Mas, não. O salário era em real: R$ 1500,00, sem carteira assinada, para trabalhar 8 horas. Uma hora de almoço, sem ajuda/vale/ticket alimentação. Pagariam 1 passagem.

outra observação: assim como em qualquer outro canto deste Brasil, ter um bom "Q.I." ajuda muito na hora de conseguir uma vaguinha por aqui. vez ou outra, algum jornalista manda um email para a tal lista questionando até que ponto esse lance de "divulgar" as vagas funciona, uma vez que, na prática, sabemos que a maioria das vagas são preenchidas por meio de indicações. normalmente esses emails não tem resposta.... rs

fofoca de bastidor: conhecem a editora Símbolo? pois é, a notícia que rola, no momento, na lista de emails, é que a editora é a maior caloteira de todos os tempos! salários atrasados, funcionários em greve... tem uma jornalista que foi demitida assim que voltou de sua licença-maternidade. vexame total!

ah, mais uma observação a cerca do mercado desse lado de cá: a maioria dos contratos são como prestadores de serviço. jornalista de carteira assinada aqui, só os que trabalham em grandes empresas.

tem um amigo meu, ainda estudante, cujo sonho é vir fazer carreira em São Paulo. tento não desanimá-lo com as minhas impressões. até pq, a gente nunca sabe quem tem estrela na testa, né? vai que ele vem e o destino dele é assumir o posto do Willian Bonner? rs bom, de qq forma, o q eu falo pra ele é o seguinte: estude, estude, estude. fique excelente em português, excelente em inglês, excelente em mais uma língua. tenha um blog, faça estágios mal-remunerados para pegar experiência. faça residência na Gazeta. faça as provas da residência da Folha. e se depois disso tudo, você chegar aqui em São Paulo e não conseguir uma posição, liga pro seu primo (ele tem um primo que é editor no Estadão... rs) e apela para os laços de sangue! mas, acima de tudo, coloca tudo diante de Deus, pq se for da vontade Dele, você vem e arruma serviço na segunda semana, que nem a Raquelita! rs

bom, o assunto rende.
e, antes que achem que nem tudo aqui são flores, deixa eu "assoprar".
pra quem corre (muito) atrás, pra quem tem força de vontade, determinação e coragem, sempre vai ter serviço.

2 comentários:

Raquel Magalhães Reis disse...

cri cri cri

Dayse Torres disse...

Amiga, infelizmente, a realidade é dura, mas o seu lugar está guardado. Não desista. Beijos!